Pense Nisso

‎"Não é demonstração de saúde ser bem ajustado a uma
sociedade profundamente doente"
Jiddu Krishnamurti

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Daileon ou Guiodai?

Nos últimos dias tenho lido muita coisa relacionada a que tipo de gigante teria realmente acordado no Brasil.
Parte da minha infância foi bombardeada por gigantes lutadores vilões e mocinhos que se matavam em busca de um objetivo comum, o controle da cidade. Cidade esta que não escapava ilesa da destruição causada pelo embate, pequenos danos colaterais.
Hoje muita gente defende este gigante que surgiu, outros o atacam. Tudo é uma questão de ponto de vista, do modo como esse gigante é capturado pelos idealistas de ambos os lados de uma mesma esquerda.
Algumas características deste gigante são assustadoras para os militantes já acostumados a reivindicar na rua suas pautas. É preciso entender porém que o monopólio das ruas não pertence mais a este grupo que se profissionaliza desde o ensino médio. A rua esta lotada de indivíduos revoltados com os mais diversos problemas que vivem em seu cotidiano gente que não sabe como se manifestar e quer exibir para o mundo sua insatisfação.
Existe um gigante sem face se formando nas ruas, renegá lo é um erro, é preciso ensina lo, coopta lo para o lado do utilitarismo civil, para o lado das demandas sociais e dos anseios da esquerda que ainda não dobrou à direita.
Fugir deste gigante é entrega lo nas mãos de interesses bem menos nobres e ainda obscuros aos meus olhos.
O gigante não deverá morrer tão cedo, mas não tardará a escolher um lado.
Lembre-se ogros também podem ser adoráveis.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Do fim da miopia à cegueira

Estive no olho do furacão nas duas maiores manifestações que ocorreram aqui na cidade nos dias 18 e 20 de junho. A miopia de parte da população parece ter acabado, os jovens finalmente perceberam que na rua são fortes, são maiores que qualquer repressão e que a violência da polícia funciona como um fermento para a massa que quanto mais apanha aparentemente mais cresce. Entretanto, com o fim da miopia veio a cegueira, o ódio partidário e a repulsa ao vermelho das bandeiras assusta a maioria dos militantes mais tarimbados. Estes militantes acostumados a manifestações agora se tornam alvos de uma parte do povo, alvo de pessoas criminosas, endurecidas pelas dificuldades ou que simplesmente consideram todas as bandeiras como símbolos de uma corrupção que é latente num país onde políticos se prostituem para preservar o poder. O surpreendente é perceber o silêncio gritante das autoridades, digo poderes e Igreja que fingem não saber o porque das manifestações. Repressão não é o caminho, moralização sim. Quanto mais tempo se espera maiores são as chances deste vazio ideológico ser preenchido por ideologias oportunistas ditas fascistas e radicais, seria um erro estratégico enorme os movimentos que se dizem de esquerda abandonarem o movimento pois o estaria entregando de mão beijada. Esta cegueira é preocupante, o desespero anti partidário nos faz pensar a que ponto a deterioração de nossas instituições chegaram. A rua grita contra tudo e todos com lamentáveis demonstrações de intolerância e ódio. Neste momento se faz necessário uma séria mudança política no país ou esta cegueira poderá nos engolir a todos como um gigantesco buraco negro.

quarta-feira, 13 de março de 2013

SONHAR

IMPORTANTE

Ser, estar Calado ao seu lado ouço mudo ouvido atento Mente voa Olhos fogem descansa o peso disfarça o cansaço Quero ter, estar, amar Desfaçatez Desfaça os laços Livre Livre Livre.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

A Viagem

Uma zebra, uma hiena, um macaco, um menino e um tigre, que história poderia surgir daí? Isso lembra aqueles jogos mentais que fazia no segundo grau, onde você tinha uma zebra, um carneiro e precisava transportar sem que o tigre o pegasse, quebra cabeça difícil aquele mas isso é uma outra história. A aventura de PI, magnífica pela beleza, e pela mensagem deveria ser vista e debatida por todos sem exceção. Tolerância religiosa, diferentes pontos de vista de uma mesma história, o que importa? O que é realidade? Que diferença faz? São muitas as questões debatidas dentro de um só filme, poesia em minha opinião. Vivemos em uma sociedade utilitária onde somente o convencional é aceito, não há espaço para sonhar, para imaginar, tudo é enquadrado, seja alegria ou a tristeza. Cabe a você entender o que quer enxergar.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Final de Ano com poesia..

Passagem do ano O último dia do ano não é o último dia do tempo. Outros dias virão e novas coxas e ventres te comunicarão o calor [da vida. Beijarás bocas, rasgarás papéis, farás viagens e tantas celebrações de aniversário, formatura, promoção, glória, [doce morte com sinfonia e coral, que o tempo ficará repleto e não ouvirás o [clamor, os irreparáveis uivos do lobo, na solidão. O último dia do tempo não é o último dia de tudo. Fica sempre uma franja de vida onde se sentam dois homens. Um homem e seu contrário, uma mulher e seu pé, um corpo e sua memória, um olho e seu brilho, uma voz e seu eco, e quem sabe até se Deus... Recebe com simplicidade este presente do [acaso. Mereceste viver mais um ano. Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos [séculos. Teu pai morreu, teu avô também. Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras [espreitam a morte, mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo, e de copo na mão esperas amanhecer. O recurso de se embriagar. O recurso da dança e do grito, o recurso da bola colorida, o recurso de Kant e da poesia, todos eles... e nenhum resolve. Surge a manhã de um novo ano. As coisas estão limpas, ordenadas. O corpo gasto renova-se em espuma. Todos os sentidos alerta funcionam. A boca está comendo vida. A boca está entupida de vida. A vida escorre da boca, lambuza as mãos, a calçada. A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia. ANDRADE, Carlos Drummond de. "A rosa do povo". In: Poesia completa.. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Porque a esquerda me incomoda.

Passando em frente à sede de um sindicato qualquer me deixou muito incomodado o fato de toda a fachada do prédio estar estar ocupada com a imagem do provável presidente do sindicato com o microfone em punho numa pose agressiva de liderança em formação de ataque. Comecei a pensar a esquerda e a forma como ela se apresenta para as pessoas. Enquanto a URSS vendia a imagem de líderes fortes, pessoas que poderiam alavancar e construir com punhos de aço uma nação de trabalhadores, a América (aquela do norte) sempre vendeu a ideia da liberdade, a ideia do livre a arbítrio e da livre iniciativa, a qualidade de poder "decidir" o que você quer fazer ou não da sua vida. Não interessa aqui se esta visão é errada ou não, e sim tentar entender o porque a esquerda se esforça em repetir este mesmo erro. Em um curto espaço de tempo temos o exemplo do Lula, levantado como o novo grande salvador da Nação, chegando a ponto de se tentar um processo de getulificação de sua imagem, dedicando a essa figura uma "Era", e a recente experiência da neo-esquerda carioca inspirada pelo Marcelo Freixo, líder carismático e portador de uma imagem impecável. Na minha opinião (ai começa a polêmica) a esquerda socialista carece historicamente de ideias e sempre promoveu o culto a imagem de suas lideranças como um ponto primordial. A esquerda carece de ideias, não de intelectuais, diversos na verdade se encantaram com o pensamento e ajudaram a validar o pensamento socialista. É preciso porém ideias que alcancem o senso comum, a esquerda nunca se desprendeu (no Brasil) das classes médias urbanas, salvo raríssimas exceções. A esquerda socialista tem dificuldade de se comunicar com o povo, talvez pela experiência soviética ele nunca se preocupou com este expediente, ferramenta importante ao lidar com o povo numa democracia estabelecida. A esquerda carece de ideias e possui líderes em excesso, a ponto de se fragmentar em inúteis divisões internas. O problema de se fixar em imagens é que elas não são intangíveis. A publicização dos crimes de Stalin reduziram a capilaridade da URSS e Lula e suas "trapalhadas" quase jogam a imagem de um governo mais aproximado da população no lixo. Uma eventual descoberta de um desvio de conduta sequer do parlamentar Freixo acabaria com qualquer esperança de mobilização da população por um governo diferente, é preciso urgentemente mudar o enfoque. Máscaras caem o tempo todo, ideias resistem.